terça-feira, 14 de setembro de 2010

A VOZ DA DEPRESSÃO SOB A TEMPESTADE


Acordei num quarto sombrio, banhado de lágrimas
Lugar tão frio, pior que o vale das sombras
Desespero e arrepio perpassavam meu corpo gélido
Este, a saber, não era menos que meu universo trevoso

Acordado, porém, notei que era um sonho
Ou melhor, um quase-dormir, um estágio intermediário
Em que demônios tentavam assaltar-me a sanidade
E clamei a Deus, em pleno choque 

Andava eu por uma rua sem brilho, meus pés sobre barro
O cheiro da morte era intenso e pútrido, intoxicava
Minhas vestes rasgadas e sujas, eu quase um mulambo
Como posso ousar ser amado por tão grandioso Ser?

Penso o quanto poderias ter sido altamente depressivo
Pois razões tiveste, em meio a traíras e aproveitadores
Mas ouviste a voz do Pai sob a caudalosa tempestade
Assim também quero eu, Senhor, imitar-te

Acendo a luz do quarto e faço preces no chão cinzento
Oro em prantos, buscando alento, mais do que isso eu tento
Não ser danificado pelas minhas agruras e meus desvarios
Entontecido pela voz cavernosa e gutural desse mal, não mais

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