quarta-feira, 29 de julho de 2015

BALÉ DE ESTRELAS



Senhor, eu quero ser carregado em teus braços
Pois já não aguento os pés sangrando no chão
Deus que tem nas mãos o bálsamo e a cura
Me salva da minha frustração

Me ajuda a mergulhar mais fundo
Me leva, inebriado da Tua presença
Além das nuvens, rasgando os ventos
Me abraça na hora do pranto

Alça-me ao recanto das estrelas
Que dançam sob a canção do Teu amor
Esse amor que é como perfume penetrante
Esse amor, de voz retumbante

Senhor, eu quero encontrar em Teu peito
O abrigo para o meu desfalecer
Não tenho onde recostar a cabeça
Não tenho alguém que se compadeça

Deus adorado, Dono da vida, da minha vida
Da vida quebrada, porcelana lascada
Da minha fragilidade desnuda
Senhor, eu sou Teu pequeno, menos que nada


domingo, 26 de abril de 2015

HYGGE


Tu és o meu conforto quando me deito
O meu prazer perfeito             
Em ti está o meu bem-estar
O meu clarear
A boa-nova que vem a galope
Ou pelo vento que sopra nas folhas

Tu és a roda de violão com os amigos
Sobre a relva fresca no fim da tarde
Tu és cada sorriso decorado
Com sonhos a se preservar
E cada riso incontido
Do que jaz nos corações

Tu és o alívio, o remédio
O bálsamo que refresca e refrigera
Aquele bom momento que nem toda língua traduz
O som doce que a clarineta produz
À meia-luz, na penumbra da alma necessitada
Aquela resposta há muito esperada

Tu és o piquenique, o luau e o sarau
A confluência das artes
A união das partes
Meu natural transmigrado para o sobrenatural
O pranto e o perdão
A celebração da união

Tu és alguma coisa que nessas fracas palavras
Da minha humilde linguagem
Ecoa na língua do amor, a língua da verdade
Que se traduz no calor do abraço teu
Meu Deus

sábado, 4 de abril de 2015

RAINHA DO BAILE


Sem vestido especial para a ocasião
Sem sapatos novos para exibir
Sem música, sem par, sem salão
Ninguém pra segurar sua mão

O vento na janela anuncia tanta tristeza
E a melancolia já tomou sua parte na cama
Alguém lá fora está radiante
Alguém lá fora esbanja beleza

Meu amor, minha doce criança
Alvo dos meus sonhos mais estranhos
Das minhas mais absolutas certezas
Esta noite eu sou teu príncipe

Meu convite é raro e irrecusável
Dê-me a honra desta dança
E seja comigo uma só no tempo, memorável
Nos passos que eu lhe conduzir
Pois amanhã, ao raiar das primeiras horas
Este príncipe não terá ido embora

A força dessas palavras carrega tufões
Descobre sorrisos ocultos no teu olhar
E celebra, depois da festa, ao ritmo do mar
Basta ouvir, enfim, quando eu te chamo:
Rainha do baile, graciosa e esmerada
Eu te amo

quinta-feira, 2 de abril de 2015

P.S.


Eu fiquei preso sem me mover
Até clamar ao Senhor
(No recôndito mais fundo da alma)
E sentir, então, que ainda há vida nas pernas
E meus lábios ainda poder-se-iam abrir
Um pesadelo frio sussurrava ao pé d´ouvido
Tragando minh´alma a cada segundo desesperador
Mas o Cristo ouve o mais silencioso clamor
Que me arrebata das garras do medo
Dos olhos que espreitam no submundo
Da presença vívida que atordoa
E do grito preso no pesado peito
outrora oprimido sem dó
Cuja dor já não mais há
E dorme em paz até o dia chegar




sábado, 28 de março de 2015

O CÉU DE ANTEONTEM



Sabe o que me enche de sede na vida?
Olhar as palmeiras que dançam
Com seus ramos apontando pro céu

As crianças que saboreiam cada segundo
De uma brincadeira inocente
E se ajuntam ao redor de uma fogueira

Sob o firmamento rajado de nuvens
E de um horizonte âmbar
Projetei um sonho:
Que todo dia seja como o céu que vi antes de ontem
Que passou baixinho, rasteiro, cativante
Como uma revoada selvagem

Sabe o que me enche de lágrimas na vida?
O pão do pobre molhado de suor
Do qual nasce um sorriso de vitória

Os músicos orquestrados que nos lançam
Em teias mágicas por horas
E nos deliciam com canções de redenção

Sobre a relva úmida de água da chuva
Cantarei a natureza e o esplendor
Que o Senhor dos meus caminhos me mostrou
Eis diante de todos os povos:
O alarido que cura o enfermo
E quebra muralhas de Jeri(-có-)rações

Eu me rendo!
Eu me rendo!
Eu me rendo!

sábado, 4 de janeiro de 2014

DA VARANDA



Hoje assistirei ao sol nascer
Da varanda da minha casa
Verei o orvalho se despedir
Das flores, das folhas, da grama

Serei testemunha do milagre matinal
Ansioso pela primeira brisa
Enquanto o galo canta no quintal
Do vizinho que perde o espetáculo

Na minha cadeira de balanço
Sorrindo pra vida que se abre
Antes que o caos se instaure
Verei raios de sol salpicando o céu

É que tem gente que não se toca
E deixa só o despertador tocar
Portanto, respeite essa minha troca
Que hoje não deixo de ver o sol chegar


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

TEMPO DE GUERRA -- pt.1


Violência gratuita
Bocas mudas
E outras tantas
Gritando
Gemendo

No chão frio
Escorre o sangue
Vertido pelos pulsos
De quem travou guerra
Sem vencer
Sem, porém, retroceder

Mãos armadas
Punhos cerrados
Dedos em riste
Apontando
Calando

É o anúncio do fim
A guerra prometida
O encontro dos séculos
O conflito feroz
Num cenário atroz

Olhos em chamas
Pés descalços
Cambaleando
Se desviando
Se entregando...

Mas algo desponta do oceano obscuro
Algo se arrisca a emergir
Do fundo do coração, sob a poeira dos dias árduos
Eis que vem, um guerreiro todo encouraçado

A batalha vai começar...

domingo, 23 de junho de 2013

O CANSAÇO DOS DIAS


A cada palpitação, uma esperança
Uma lágrima presa na pupila
E os ombros tesos, rígidos

Hoje não rimarei os versos
Que em si só, controversos,
Carregam o cansaço dos dias

No aguardo para o descanso
Debaixo das asas prometidas
Delineia-se meu sossego

Esta noite, tal qual um pequenino
Oro no silêncio, no escuro
Para que me arrebates a dor

Da arte de dar sem receber
E ainda assim, todas as manhãs
Não desistir de acreditar

Dependo de um Pai amoroso
E busco a cura do cansaço
Que se enrosca entre meus dedos

A Ti, ó Altíssimo, o que tenho!
Minhas palavras de alma partida
Que em teu véu anseia se cobrir...